INTRODUÇÃO

Eurípedes Barsanulfo Pereira*

Em suas pesquisas, os historiadores procuram informações em documentos legítimos, em fontes bibliográficas idôneas e, se possível, obtêm-nas dos próprios agentes geradores dos fatos. Felizmente, alguns dos que protagonizaram a fundação de Campo Grande puderam fazer relatos dos acontecimentos, de modo espontâneo e reiterado, aos descendentes mais próximos.

Em 1907, com o falecimento de seu genitor, Epaminondas Alves Pereira passou a ser criado, como verdadeiro filho, por seu avô materno, Antônio Luiz Pereira, filho de José Antônio Pereira. Antônio Luiz acompanhara seu pai nas duas viagens de Monte Alegre de Minas ao Campo Grande, em 1872 e 1875.

Essa longa convivência permitiu que o avô lhe contasse, em inúmeras oportunidades, os principais detalhes dessas viagens, inclusive, ao termo da jornada, a escolha do melhor local para se estabelecerem. Perdurou até o ano de 1942, quando faleceu Antônio Luiz. Epaminondas estava presente no momento de seu desenlace, ocorrido instantes depois de agradável conversa entre neto e avô.

Portanto, o que veio escrevendo desde os anos cinqüenta sobre a fundação da cidade de Campo Grande, quase a totalidade se baseou em informações colhidas junto a Antônio Luiz Pereira e, também, a Anna Luiza de Souza, esposa deste e filha de Manoel Vieira de Souza ("Manoel Olivério").

O resumo histórico, excerto do opúsculo de sua autoria, publicado em 1972 (2ª edição), comemorativo do Centenário da fundação de Campo Grande, é o fulcro da presente obra. Constitui, na verdade, feliz tradução das narrativas de seus avós maternos, filhos dos patriarcas das duas primeiras famílias que se estabeleceram à forquilha das águas do Prosa e Segredo.

Quando se trata da história da fundação de Campo Grande, jamais se pode esquecer Rosário Congro, Intendente do Município em 1918-1919. O livro "O Município de Campo Grande - Estado de Matto Grosso", editado por sua iniciativa em 1919, traz a lume o primeiro relato sobre as origens de nossa terra. Por este motivo, e em reconhecimento ao valor incontestável de seu "histórico", destacamo-lo em capítulo especial.

À semelhança de Epaminondas Alves Pereira, Edson Carlos Contar, também bisneto de José Antônio Pereira, há muitos anos vem escrevendo, em diversos periódicos da cidade, e publicando resumos, sobre a fundação da cidade morena.

As contribuições desses autores, vindas à luz em épocas diferentes, e alicerçadas em pesquisas criteriosas, denotam forte concordância.

A Guerra do Paraguai e a Campanha da Laguna foram eventos que antecederam, e de certo modo acabaram resultando em fatos que determinaram a origem de Campo Grande. Seus principais lances encontram-se magistralmente narrados nos livros do Visconde de Taunay.

A reconstituição da saga do mineiro José Antônio Pereira, pelos sertões, outrora palmilhados pelos Voluntários da Pátria, inspirada nesses autores, é a finalidade de nosso trabalho. Significa, outrossim, nosso preito de gratidão à memória do intrépido fundador de Campo Grande, Capital do Estado de Mato Grosso do Sul.

Campo Grande, 14 de agosto de 1999.

*E. Barsanulfo Pereira é trineto de José Antônio Pereira e de Manoel Vieira de Souza.

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