MONTE ALEGRE e CAMPO GRANDE

Unidas pela História e pelos Símbolos

Separadas por 892 quilômetros, Monte Alegre no centro do Triângulo Mineiro, e Campo Grande, Capital de Mato Grosso do Sul, situada na região central do Estado, estão unidas por coincidências históricas e simbólicas.

Eurípedes Barsanulfo Pereira

HISTÓRIA

MONTE ALEGRE

CAMPO GRANDE

Fundação do Povoado de São Francisco das Chagas do Monte Alegre:

Fundação do Arraial de Santo Antônio do Campo Grande:

• Os fundadores de ambas as cidades procuravam terras devolutas para se estabelecerem na agricultura e pecuária.

• Seguiram trilhas abertas anteriormente por outros desbravadores: os que fundaram Monte Alegre, por rotas que levavam aos sertões de Goiás; os que fundaram Campo Grande, por caminhos percorridos pelos retirantes da Laguna, que levavam ao Campo Grande e à Vacaria.

"No começo do Século XIX, uma numerosa família mineira, cujo chefe era Martins Pereira, na tentativa de apossar-se de terras devolutas no sertão de Goiás, empreendeu viagem de mudança para aquelas plagas inóspitas, seguindo corajosamente a caravana dos aventureiros por um caminho aberto que ligava parte da Capitania das "Minas Gerais" às terras goianas (...)" (1)

"José Antônio Pereira (...) Natural de Minas Gerais, residente na cidade de Monte Alegre, empreendeu sua primeira viagem rumo ao sul de Mato Grosso (...) Tendo notícia da Vacaria, com suas vastas campinas, formou uma comitiva (...) Em fins de março de 1872, partiu de Minas (...) a pequena caravana, trilhando os caminhos deixados pelos nossos soldados que combateram os invasores do território brasileiro, na Guerra do Paraguai." (2)

• Durante a viagem defrontaram-se com problemas de doença, obrigando-os interromperem a marcha.

• Promessas de construção de igrejas foram feitas aos Santos de suas devoções, caso as pessoas lograssem a cura: dos fundadores de Monte Alegre a São Francisco das Chagas, dos de Campo Grande a Santo Antônio.

"Quando a caravana alcançava o ponto do caminho onde fica hoje a cidade, adoeceu gravemente um dos seus membros, motivando essa fatalidade uma parada obrigatória de alguns meses na localidade." (1)

"Quando, de mudança, passando por Santana de Paranaíba, foi obrigado a interromper por alguns meses sua viagem, em virtude da malária que grassava naquela população (...) lá permaneceu o tempo suficiente para debelar a epidemia, salvando muitas vidas (...)" (2)

"fervorosos devotos que eram de São Francisco das Chagas, o chefe da família fez então uma promessa ao Santo, de doar naquela localidade um terreno para o patrimônio de uma Capela, que ali seria edificada em seu louvor, caso o doente recebesse o milagre da cura." (1)

"Foi ali que José Antonio, devoto de Santo Antonio de Pádua, fizera um voto se não perdesse um só dos seus, quando aqui chegasse, faria uma Igreja para seu Santo amigo, cuja imagem já trazia em sua companhia." (2)

• Os fundadores de ambas as cidades escolheram a região da confluência de dois córregos para se estabelecerem e ali construírem o arraial: Monte Alegre surgiu entre os córregos "Monte Alegre" e "Maria Elias" e Campo Grande entre os córregos "Prosa" e "Segredo".

• As primeiras moradias foram ranchos cobertos de folhas de buriti ao longo das primeiras ruelas dos arraiais em formação: Monte Alegre, às margens dos córregos "Monte Alegre" e "Maria Elias" e Campo Grande, ao longo do córrego "Prosa", na antiga "Rua Velha" (atual 26 de Agosto).

"Esses primeiros povoadores do arraial em formação, abrigaram-se em humildes ranchos, construídos na sua maioria de madeira, capim e palha de buriti, em ruelas abertas a margem dos córregos 'Monte Alegre' e 'Maria Elias' (...) (1)

"A comitiva, após três meses de caminhada, chega a 21 de junho, à confluência de dois córregos, mais tarde denominados 'Prosa' e 'Segredo' (...) Enquanto descansam, fazem rancho coberto de folhas de buriti (...)" (2)

"Na extremidade do triângulo formado pela confluência desses veios de água, traçaram as primeiras ruas da futura cidade, a quadra para a necrópole e praça onde foi erguida a Capela de São Francisco das Chagas, o Padroeiro da Povoação." (1)

"José Antônio Pereira, traçando os limites do povoado nascente denominou-o Santo Antônio do Campo Grande (...) Nos anos seguintes, isto é, em 1876 e 1877, José Antônio Pereira deu cumprimento à promessa, construindo uma igrejinha de pau-à-pique, coberta de telhas transportadas do abandonado Camapuã" (2)

• Impressionante é a coincidência entre alguns nomes e sobrenomes: a família de Antônio Luis Pereira (portanto, de José Antônio Pereira) foi uma das fundadoras de Monte Alegre. O filho de José Antônio mudou-se definitivamente daquela cidade, para vir estabelecer-se, com quase todos os seus, no Campo Grande, em 1875, quando tinha 21 anos de idade. Seus netos, ainda vivos, contam que Antônio Luiz deixou lá inúmeros amigos.

• Além do sobrenome Pereira, é notável a presença de outros, como os Gonçalves, Martins e Cardosos, nos resumos históricos sobre Monte Alegre.

"Com a junção já de outros aventureiros que seguiram o mesmo itinerário, formaram uma agregação as famílias de Antônio Luis Pereira, Gonçalves da Costa, Martins de Sá, Manoel Feliz e Cardosos." (1)

"Para surpresa de Manoel Olivério, em 14 de agosto do mesmo ano de 1875, chega José Antônio a frente de numerosa caravana composta de onze carros mineiros (...) fazendo-se acompanhar também de sua esposa Maria Carolina de Oliveira, seus filhos Joaquim Antônio, Antônio Luiz (...) o genro Manoel Gonçalves (...) num total de 62 pessoas."

"Ainda em 1878, José Antônio Pereira, volta pela última vez à sua terra natal, naturalmente para liquidar alguns negócios e trazer o seu genro Antonio Gonçalves que também tinha sua filha Maria Joaquina casada com Tomé Martins Cardoso (...)" (2)

MONTE ALEGRE, CAMPO GRANDE E OS HERÓIS DA LAGUNA

• Visconde de Taunay (Alfredo d'Escragnolle-Taunay), autor de "A Retirada da Laguna", descreveu, em suas obras, a passagem por Monte Alegre, do corpo do exército brasileiro que combateu na Guerra do Paraguai.

• Após a Retirada da Laguna, Taunay, em seu retorno à Côrte, no Rio de Janeiro, seguiu uma rota que passava por uma região situada no centro do território sul-matogrossense, a região do Campo Grande.

• Muitos dos retirantes da Laguna, oriundos de Monte Alegre, souberam desse trajeto de retorno, da região do Aquidauana, pelo Campo Grande através da encruzilhada de Nioac até Camapuã. Daí rumando para leste na direção de Minas Gerais.

• Esses heróis, ao chegarem a Monte Alegre, comentaram sobre as regiões do Campo Grande e da Vacaria, a moradores da cidade, entre eles, José Antônio Pereira.

• Acyr Vaz Guimarães em "Seiscentas Léguas a Pé" (3) nos conta a saga dos soldados brasileiros desde a formação do corpo de exército, o percurso passando por Monte Alegre, até a região da Laguna e o retorno às plagas brasileiras.

• Alaor Guimarães Mendonça muito escreveu sobre a participação dos soldados mineiros na Guerra do Paraguai, heróis da Retirada da Laguna, especialmente sobre aqueles que pereceram acometidos de varíola e foram sepultados no "Cemitério dos Bexiguentos". (5)

"A 14 (de setembro de 1865)*, passou o Lajeadinho, o Babilônia, o Ana Correia e o da Mata, para entrar no arraial de Monte Alegre, onde chegou às onze horas (...)"

"Monte Alegre, em 1865, era um arraial com uma população entre quatrocentos e quinhentos habitantes, contando com algumas casas caiadas e cobertas com telhas. Em pequena praça rodeada de ranchos, levantava-se a matriz. Seu comércio era pequeno e devido ao movimento de tropas que vinham ou iam para Goiás e Mato Grosso." (3)

"Uma légua mais entramos no Campo Grande. Esta extensa campina constitui vastíssimo chapadão de mais de cinquenta léguas de extensão, em que raras árvores rompem a monotonia duma planura sem fim (...) Duas léguas além fomos às Botas (...) Límpido ribeirão corre aí no encontro de dois abaulados outeiros (...)" [ribeirão das Botas, divisa do Município de Campo Grande com o de Jaraguarí]* (4)

Foram os heróis da Laguna que levaram ao Triângulo Mineiro, principalmente a Monte Alegre de Minas, notícias de extensas campinas no centro da região sul da Província de Mato Grosso, o Campo Grande e a Vacaria, despertando no espírito desbravador de José Antônio Pereira o desejo de ocupar estas plagas, culminando com a fundação do Arraial de Santo Antônio do Campo Grande.

SÍMBOLOS

AS BANDEIRAS DE MONTE ALEGRE, CAMPO GRANDE E MATO GROSSO DO SUL

• As bandeiras de Monte Alegre, Campo Grande e Mato Grosso do Sul estão ligadas por impressionantes semelhanças, as quais, saltam aos olhos à observação imediata.

A Bandeira de Monte Alegre, concebida por Amintes Nunes de Moura, foi escolhida em 7 de Setembro de 1975 e oficializada em 4 de Fevereiro de 1991 pelo Prefeito Municipal Euripedes Lima Andreani pelo Decreto 2275 de 4 de Fevereiro daquele ano.





A Bandeira de Campo Grande foi oficializada no ano de 1967.





No ângulo superior-esquerdo da Bandeira de Monte Alegre há um emblema que muito se assemelha à Bandeira de Mato Grosso do Sul.

A Bandeira do Estado de Mato Grosso do Sul, foi concebida e desenhada por Mauro Miguel Munhoz e oficializada em 1977.

*nota da redação desta Home Page

BIBLIOGRAFIA

1. DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE CULTURA, LAZER E TURISMO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE MONTE ALEGRE DE MINAS: Dossiê para o tombamento do monumento aos Heróis da Laguna.

2. PEREIRA, EPAMINONDAS ALVES - (Bisneto de José Antônio Pereira): Resumo Histórico da Cidade de Campo Grande 1872-1911. 12 pag., 1972.

3. GUIMARÃES, ACYR VAZ: Seiscentas Léguas a Pé. Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Outubro de 1988, 194 pag.

4. TAUNAY, VISCONDE DE: Céus e Terras do Brasil. Edições Melhoramentos, 9a. edição, 1948, 229 pag.

5. MENDONÇA, ALAOR GUIMARÃES: História sobre a passagem, em Monte Alegre de Minas, das tropas brasileiras na guerra do Paraguai. Prefeitura Municipal de Monte Alegre de Minas. Novembro de 1984, 30 pag.

6. CONTAR, EDSON CARLOS - (Bisneto de José Antônio Pereira): Resumo Histórico de Campo Grande. 6 pag.

7. CONGRO, ROSÁRIO: O Município de Campo Grande - Estado de Matto Grosso - Publicação Official - 1919, 104 pag.

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